Ipatinga, 04 de julho de 2011.
“Não quero mais me ver chorar... eu só preciso te dizer: que sozinho e sem você eu tive medo...”.
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Amanhecer da cidade de Antônio Dias |
Faz tempo que não escrevo... Escrevia com certa freqüência quando trocava cartas com os amigos do Vale do Aço, mas isso ficou pra trás já faz um tempo, vale lembrar que guardo todas elas e quando a saudade bate recorro à minha caixa e as leio...
São tantos "baixeiros" que hoje me fazem rir de um jeito diferente, um sorriso de cumplicidade que só quem viveu tais fatos sabe bem o que é... Cartas onde um “ronco do estômago” não era simplesmente a sensação de fome... Era muito mais que fome... O que é de verdade? Só quem viveu sabe bem do que se trata, por essa razão que tais cartas com suas histórias e mais ainda os seus personagens são importantes para mim.
Mais não é sobre essa caixa de recordações que quero escrever, na verdade nem sei bem para quem ou o porquê estou escrevendo, mas vamos ver no que vai dar... (E não é que se tranformou neste blog...)
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Passeio de bicicleta |
Hoje faz pouco mais de um mês que em Antônio Days City estava sob um silêncio torturador e sensação de não acreditar naquilo que os nossos olhos viam... Não vou fazer muito cortejo, era infelizmente o sepultamento da Andreza. Despedíamos de uma amiga, de uma companheira, de uma menininha-moça, daquela que era criança-adulta, que foi a nossa nojenta quando alguém arrotava ainda na mesa do almoço ou que se recusava comer verduras, aquela que soube ser também simpatia ou patricinha para alguns e um poço de humildade para outros, enfim alguém como nós, cheia de sonhos, projetos e com um belo e radiante sorriso estampado no rosto...
Não quero ser melancólico, mas confesso que não compreendo o porquê de pensar nela mais do quê o normal, se é que existe o normal... Mas se ouço uma música é dela que lembro... Se choro? Não. Mas o sinto coração apertado que chega a doer... Então compreendo a música que ouvia há tempos “lágrimas falam mesmo quando estão escondidas no olhar, mas quando elas rolam é a dor que não dá pra suportar” e por vezes a lágrima da saudade teima a escorrer e com ela perguntas vêm à mente todas elas iniciadas com um “por que” que faz com que essas perguntas sejam ainda mais dolorosas, mas tento ir além dessas perguntas e a sós (nem sempre por escolha) me vejo imaginando o céu... Então a vejo linda e alegre, sendo agora a menina dos olhos Deus, e com isso me conforto porque Deus também me abraça...
Espero que além de companheiro de dança eu tenha sido também amigo... Sinto tanto sua falta! Nunca me imaginava carente como me vejo às vezes... É um sentimento estranho que estou ainda aprendendo a conviver...
Mas percebo que o preço do amor é perdoar infinitamente e às vezes perdoar sem ao menos a pessoa saber que te magoou... Confesso que senti (sinto) falta de ombro, de colo amigo, de silêncio... É tudo tão estranho, percebo que hoje há um sentimento que até então não tinha vivenciado: carência.
Mas sei bem que grande parte dessa carência é fruto de um egoísmo ridículo que preciso controlar para não abalar o que solidifiquei até hoje... Espero aprender rápido a conviver com essa ausência física, porque esquecê-la tenho certeza que será impossível... Encerro com a canção que agora dou “ctrl c” e “ctrl v” abaixo:
“Abençoa Senhor meus amigos e minhas amigas e dá-lhes a paz!
Aqueles a quem ajudei que os ajude mais! Aqueles a quem magoei que eu não magoe mais...
Saibamos deixar um nos outros uma saudade que faz bem. Abençoa Senhor meus amigos e minhas amigas Amém!
Aves que voam em bando. Verso que segue verso nas rimas da vida.
Barcos que singram os mares até separados, mas sabem o porto aonde vão se encontrar.
São assim os amigos que a vida me deu. Meus amigos, minhas amigas e eu.
Gente que sonha junto. Gente que brinca e briga e se zanga e perdoa.
Um sentimento forte mais forte que a morte nos faz ser amigos no riso e na dor.
Vidas que fluem juntas, rios que não confluem, mas vão paralelos.
Aves que voam juntas e sabem que um dia por força da vida não mais se verão.
Resta apenas o sonho que a gente viveu. Meus amigos, minhas amigas e eu”.
Victor Hugo Martins