Dedico essa publicação aos amigos que estão fisicamente distantes no dia de hoje, em especial aos que se encontram no Pará, mas escrevo também por e para aqueles que estão em São Paulo, Santa Catarina, em Belo Horizonte, Juiz de Fora, João Monlevade, Caratinga, Rio de Janeiro, Ouro Preto, Viçosa, Londres e em outros lugares por este mundão afora...
Na verdade quando li “Sobre o amor etc” percebi que muita coisa da qual Rubem Braga falava nesta crônica era verdade e por vezes vivenciava algumas dessas até então verdades...
Entendi que para a amizade existir é preciso sim que haja um marco, tal como nossas férias de julho ou os nossos acampamentos, mas compreendi também que não podíamos (e nem podemos) viver apenas deste passado. Embora a saudade insista em deixá-lo gravado em nossa memória com os seus cheiros, sabores, beijos, abraços, rodas de violão, nossas conversas e brincadeiras no escritório e na rua de cima, etc há uma grande necessidade de irmos além dessas doces lembranças, afinal a vida seguiu e nós mudamos também com ela...
Questionei também algumas partes dessa crônica porque amizade verdadeira como diz Willian Shaskpeare continuam a crescer mesmo a longas distâncias e acredito que a receita para que isso aconteça seja viver uma busca intensa pela sinceridade e a lealdade, e para viver essas virtudes, assim como a amizade, não precisa estar fisicamente presente, basta estar no coração e quando isso acontece os dois crescem juntos, planejam suas vidas, partilham seus sonhos e ainda por cima encontram tempo para olharem as fotografias antigas de quando ainda eram “magrinhos” e sem tantas responsabilidades, porém sabem que alguma coisa mudou e que eles, como por conseqüência, foram lapidados por este tempo.
Transcrevo abaixo partes da crônica da qual falo nesta postagem e encerro desejando um forte abraço a todos os amigos de longe e de perto, e a todos que por ora lêem este blog.
Reforço que amigos são para vida toda!
Amigavelmente,
Victor Hugo Martins
SOBRE O AMOR, ETC
Dizem que o mundo está cada vez menor.
É tão perto do Rio a Paris! Assim é na verdade, mas acontece que raramente vamos sequer a Niterói. E alguma coisa, talvez a idade, alonga nossas distâncias sentimentais.
Na verdade há amigos espalhados pelo mundo. Antigamente era fácil pensar que a vida era algo muito móvel, e oferecia uma perspectiva infinita e nos sentíamos contentes achando que um belo dia estaríamos todos reunidos em volta de uma farta mesa e nos abraçaríamos e muitos se poriam a cantar e a beber e então tudo seria bom. Agora sabemos que jamais voltaremos e estar juntos, pois quando estivermos juntos perceberemos que já somos outros e estamos separados pelo tempo perdido na distância. Cada um de nós terá incorporado em si mesmo o tempo da ausência. Poderemos falar, falar, para nos correspondermos por cima dessa muralha dupla, mas não estaremos juntos, seremos duas outras pessoas, talvez por este motivo, melancólicas, talvez nem isso...
... Também suprimimos a amizade. É horrível levar as coisas a fundo: a vida é de sua própria natureza leviana e tonta. O amigo que procura manter suas amizades distantes e manda longas cartas sentimentais tem sempre um ar de naufrago fazendo um apelo. Naufragamos a todo instante no mar bobo do tempo e do espaço, entre as ondas de coisas e sentimentos de todo dia...
... Assim o amigo que volta de longe vem rico de muitas coisas e sua conversa é prodigiosa de riqueza, nós também despejamos nosso saco de emoções e novidades, mas para um sentir a mão do outro precisam se agarrar ambos a qualquer velha besteira: você se lembra daquela tarde em que tomamos cachaça num café que tinha naquela rua e estava lá uma loura que dizia, etc, etc. Então, não se trata mais de amizade, porém de necrológio.
Sentimos perfeitamente que estamos falando de dois outros sujeitos, que por sinal já faleceram – e eram nós. No amor isso é mais pungente. De onde concluireis comigo que o melhor é não amar, porém aqui, para dar fim a tanta amarga tolice, aqui e ora vos direi a frase antiga, que é melhor não viver. No que não convém pensar muito, pois a vida curta é, enquanto pensamos, elas se vai, e finda.
Engraçado a vida!
ResponderExcluirNessas minhas férias de julho, lendo um livro, uma passagem ficou guardada em mim:
" (...) Outro dia me pus a pensar que sou semelhante às mulheres da literatura de Érico Veríssimo. Aquelas que enquanto os homens se ocupavam da guerra, elas se ocupavam do tempo e do vento. Eu não tenho muitas definições a meu respeito; apenas respeito a dor de cada hora, a esperança de cada momento. E se isso me define, então sou a dor que sabe esperar."
Na hora que li resumiu tudo que aconteceu e está acontecendo em minha vida. Resume não só a minha, mas de todos, mesmo que seja apenas em um detalhe.
Beijos e abraços, Shirlene.
verdade.. belas palavras!
ResponderExcluiradorei o blog victor!! sempre me supreendendo!
Mih