terça-feira, 3 de julho de 2012

Gramática de uma Vida

Percebo que o de ato escrever exige adentrar-me e ir a lugares desconhecidos do coração e assim transportar em palavras o que lá habita.
Emoções que às vezes nem as palavras são capazes de fazê-las claras, objetivas ou se possíveis concretas... Mas para quê ser tão concreta, se a vida é subjetiva?
Coisas dos tempos de hoje, da modernidade talvez... Falta-nos poesia, sensibilidade para ver a vida.
E o que é a poesia diante de tantos conflitos e guerras, de tantos desencontros, desgostos e desarranjos?
Ah a vida... O que é a vida?
Por vezes sofrida e outras tão belamente vivida, tão cheia de verbos, alguns ainda no infinitivo, como o cantar, amar, sentir, ser, partir, conhecer, desejar, esperar, dentre outros expressam o desejo de viver e fazer história.
Vida tão cheia de substantivos, sujeitos, adjetivos, advérbios de modo, de tempo, de local, de intensidade.
Tão cheia de silêncio...
De ausência...
De saudade!
Cheia de silêncio porque este também é resposta, e às vezes até a única resposta para as muitas perguntas que nem sabemos como elaborá-las ou para quem dirigí-las...
Silêncio que tem cheiro e sabor de Deus. E por vezes a vida nos pede para sermos humildes e silenciar, como se ela nos convidasse a experimentar o Divino. Então no silêncio esperamos, amamos, sofremos, vivemos e por fim morremos...
Vida que tem seus momentos de ausência.
Ausência daqueles que um dia o coração amou e foi capaz de eternizá-los, mas a própria vida os distanciou... Com o tempo essa ausência dolorosa, torna-se saudade, e assim sendo dói menos porque passa ser sinal de que somos capazes de amar.
Ausência também daqueles que o coração não pode conhecer e tão pouco amá-los, essa ausência solitária, também chamada de vazio, cria em nós a triste experiência de usarmos a conjunção “se” para todos os verbos, então é como se não estivesse vivendo, apenas passando a vida imaginando, ou lamentando, se isso ou aquilo tivesse acontecido hoje seria assim ou assado...
Por fim uma vida cheia de saudade, porque vida sem saudade é uma vida sem sabor... Deixar saudade é também uma virtude. Felizes os que têm essa capacidade, que não precisa de esforço, mas de simplicidade.
Saudade: complexa palavra, que de simples mesmo talvez seja somente a escrita. Mas é sentindo saudade que a gente segue, e segue porque tem que seguir. Essa é a lei da vida.
E já que a vida é um constante movimento o jeito é seguir cantando, amando, sentindo, sendo, partindo, conhecendo, desejando, esperando...
E assim vivemos.
Conjugando verbos.

Victor Hugo Martins
27/12/2011

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Um Ano

Deparo-me com uma folha em branco ainda na tela do computador e diante dela não sei por onde começar. Respiro!... Penso!... Reflito!... Lá de fora, pela janela ouço o barulho dos carros e vejo alguns poucos raios de sol...  Dias atrás chovia e o sol estava encoberto de nuvens carregadas, a brisa da manhã era fria e não havia cantos de pássaros, apenas o silêncio de uma cidade que ainda adormecia.

A natureza nos ensina em sua constante metamorfose que a vida também é assim... Um dia nuvens carregadas e um tempo sombrio, noutro ela se renova com o sol que nasce trazendo consigo o desejo e a esperança de um bom dia...

Há um ano despedíamos da Andreza, a amiga e menina do sorriso largo que nos deixou com uma enorme saudade... Durante este um ano de ausência muito sofremos e aprendemos. Perder quem amamos nos ensina que para amar temos apenas o hoje, o sofrimento ensina que o amanhã é incerto para o amor e para se viver...

A canção nos diz que: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã”. Quanta verdade há em uma simples e tão popular canção, que muitas vezes cantamos sem perceber o que de fato estamos pronunciando...  Mas vem a vida, com seus acontecimentos imprevisíveis e crava em nosso coração essa verdade, e neste momento o que era festa e alegria transforma-se em dor, saudade, tristeza, solidão e tudo se torna noite em nossa alma...

Vinicius de Morais em um dos seus poemas diz: “Se eu morrer antes de você, faça-me um favor. Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles.
Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase: ' Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus!' Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar.
E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma “espiadinha” na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele. Você acredita nessas coisas? Sim??? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito.”

Acredito que a Andreza soube viver direito porque ela foi capaz de deixar em nosso coração um sentimento de saudade e a certeza de que o convívio, mesmo sendo curto, valeu, e muito a pena!

Encerro com versos da cantora Celina Borges que nos ensina a seguir sem perder a esperança e acreditando que “Posso, tudo posso Naquele que me fortalece... E mesmo quando a visão se turva e o coração só chora, mais na alma a certeza da vitória... Eu vou sofrendo, mas seguindo enquanto tantos não entendem vou cantando minha história, profetizando que eu posso, tudo posso... em Jesus!”

sábado, 28 de abril de 2012

Aprendendo a Ser

Sou feito de pequenos instantes e de grandes emoções, sou um pouco de quem soma e divide sua vida com a minha, sou também tristeza e solidão disfarçada em um sorriso largo, dúvida constante e certeza de quem segue na esperança, sou passo a caminho que segue fazendo o seu próprio caminhar...
Sou? ... ... ...
Estou sendo, porque assim vou aprendendo a ser e construo o que sou. A expressão “eu sou” por vezes soa como algo pronto, uma obra acabada, no entanto sigo me (re) construindo, me (re) fazendo a cada dia, buscando fazer de cada experiência um aprendizado, ou um reaprendizado, e assim a vida me ensina a seguir... Sempre sendo para aprender a ser! Novamente o aprendendo a ser... Redundância ou proposital?...
(...)

Continuo a escrever, tecendo em palavras o que hoje sou, ou estou sendo, e na certeza de que há muito para ser lapidado vou seguindo sem deixar de viver, porque há quem se perde na busca, ou na necessidade de ser, esquecendo-se que no caminho também há vida para se viver, e quando não se vive o percurso antes de poder dizer o tão almejado “eu sou”, o resultado esperado pode não sair como se esperava, portanto, sendo eu quem hoje sou, decido apenas pelo o que mais gosto de fazer:
(...)
Viver!